quarta-feira, 26 de agosto de 2009
DICA: ORGANIZANDO DIÁRIOS DE LEITURA
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
DICA LITERÁRIA
O Grande Livro Dos Lobos
SINOPSE: Lobos maus, perigosos e traiçoeiros são os personagens principais das aventuras narradas neste livro. Entre as histórias, encontram-se os clássicos 'Chapeuzinho vermelho', 'Os três porquinhos' e muitas outras, ilustradas por grandes artistas. Além dos contos, inclui vários jogos divertidos e rimas criativas.
PROJETO RECUPERAÇÃO PARALELA
A Recuperação Paralela é um dos mecanismos que a escola possui para atender à diversidade de características e ritmos de aprendizagem dos alunos.
Tendo em vista que as Expectativas de Aprendizagem devem orientar o professor na identificação dos alunos que necessitam de apoio para superar dificuldades momentâneas por meio da Recuperação Contínua e Paralela, cabe à escola oferecer oportunidades de aprendizagem redirecionando ações de modo que as dificuldades diagnosticadas possam ser superadas.
É importante ressaltar que há expectativas de aprendizagem que podem e devem ser alcançadas na rotina semanal ou nos momentos reservados para a recuperação contínua, não justificando o encaminhamento do aluno para a Recuperação Paralela, como por exemplo: “apreciar textos literários” (presente nas quatro séries do Ciclo I do Ensino Fundamental).
Por outro lado, há algumas expectativas que devem ser priorizadas na decisão do encaminhamento ao projeto, dos alunos que não as alcançaram. Destaca-se nesse caso a expectativa: “compreender o funcionamento alfabético do sistema de escrita”.
Nos momentos de estudo e planejamento coletivo, faz-se necessário elencar quais as expectativas de aprendizagem que realmente demandam o encaminhamento do aluno para os estudos de Recuperação Paralela.
Para o desenvolvimento das atividades deste Projeto, cada unidade escolar deve elaborar projetos especiais que devem se constituir mediante proposta do Conselho de Classe/Série e/ou do Professor Coordenador, a partir da análise das informações de avaliação diagnóstica registradas pelo(s) professor (es) regente(s), cabendo a este(s), a identificação das dificuldades dos alunos, a definição dos conteúdos, das expectativas de aprendizagem e dos procedimentos avaliatórios a serem adotados.
Tais projetos devem contemplar:
* Justificativa: descrição da necessidade de encaminhamento dos alunos à Recuperação Paralela, com apontamentos das necessidades específicas de aprendizagem;
* Objetivo: atingir as expectativas de aprendizagem da série.
* Conteúdos: Especificação dos conteúdos que nortearão o Projeto.
* Avaliação: Formas e instrumentos pelos quais os alunos participantes da Recuperação Paralela serão avaliados, incluindo o momento de discussão coletiva junto ao professor regente para efetivação da avaliação final.
A Diretoria de Ensino, por meio do Supervisor da Escola e da Oficina Pedagógica deverá:
· analisar os projetos apresentados pelas escolas, fundamentando-se nas Expectativas de Aprendizagem, aprovando-os, quando as ações propostas forem compatíveis com o diagnóstico das dificuldades apresentadas pelos alunos;
· orientar, acompanhar e avaliar a implementação dos projetos de recuperação da aprendizagem;
· capacitar as equipes escolares e os professores encarregados das atividades de recuperação paralela;
· avaliar os projetos em andamento e decidir sobre sua continuidade.
Com o objetivo de organizar o registro de acompanhamento do aluno no processo de recuperação paralela, propomos os seguintes instrumentos para serem utilizados pelos professores envolvidos no Projeto:
1- FICHA DE ACOMPANHAMENTO DO DESEMPENHO DO ALUNO- RECUPERAÇÃO PARALELA/ 2009 - para ser utilizada pelo professor regente e pelo coletivo de professores em discussão na HTPC e no Conselho de Classe . Este documento deverá ser preenchido: inicialmente pelo professor regente indicando qual expectativa necessita ser alcançada pelo aluno durante o processo de recuperação paralela; ao longo do processo, pelo professor da turma de recuperação paralela que, após discussão coletiva, registrará os encaminhamentos didáticos, os avanços da aprendizagem, bem como as observações feitas no decorrer das aulas;
2- MAPA DA TURMA - exclusivo para os alunos que não compreendem o funcionamento alfabético do sistema de escrita - para ser utilizado pelo professor da turma de recuperação paralela, com o objetivo de orientar o registro do acompanhamento da turma (Quadro III).Ele deverá aplicar duas sondagens, sendo uma inicial e outra final, conforme orientação abaixo:
Proposta de avaliação diagnóstica: Escrita de uma lista
CRITÉRIOS PARA ELABORAÇÃO DA LISTA
· Lista de 4 palavras: polissílaba, trissílaba, dissílaba e monossílaba;
· As sílabas contíguas não podem repetir as mesmas vogais;
· Palavras em ordem decrescente em relação ao número de sílabas;
· A atividade deve ser realizada individualmente;
· Ditar sem forçar a silabação das palavras;
· Solicitar a leitura da criança após a escrita de cada palavra.
· Não corrigir;
· Ditar uma frase em que apareça uma das palavras ditadas anteriormente.
Analisar as escritas e posteriormente registrar o desempenho dos alunos, no mapa da turma.
1- QUADRO DIAGNÓSTICO DE PRODUÇÃO DE TEXTO - exclusivo para os alunos que não atingiram as expectativas de aprendizagem relativas à produção de texto. para ser utilizado pelo professor da turma de recuperação paralela, com o objetivo de orientar o registro do acompanhamento da turma. Ele deverá aplicar duas sondagens, sendo uma inicial e outra final, conforme orientação abaixo:
Proposta de avaliação diagnóstica: Reescrita de conto conhecido.
ORIENTAÇÃO PARA A REESCRITA DO CONTO
· Levantar uma lista dos contos conhecidos pelos alunos;
· Individualmente, devem escolher um dos contos, e escrevê-lo da melhor forma possível, procurando lembrar de todos os detalhes da história.
Analisar as produções de textos e os critérios para a atribuição de conceitos da correção e posteriormente registrar o desempenho dos alunos, no Quadro Diagnóstico.
Outra questão importante que vale a pena ressaltar trata da permanência do aluno no projeto de recuperação paralela a cada semestre. Assim que o aluno tiver superado as dificuldades que o encaminharam para o projeto, este poderá ser dispensado da recuperação paralela, disponibilizando a oportunidade para outro. Dessa forma, a permanência do aluno no projeto poderá ser transitória, não se condicionando ao período do mesmo, ou seja ao verificar que o aluno superou a dificuldade pela qual foi encaminhado para o projeto, este deixará de freqüentar a turma de recuperação paralela e os resultados obtidos das atividades desenvolvidas serão incorporados à avaliação bimestral.
FICHA DE ACOMPANHAMENTO - DESEMPENHO DO ALUNO
O PAPEL DO PROFESSOR COORDENADOR
Uma primeira questão deveria ser levantada com os professores coordenadores: fazê-los lembrar de que vão desempenhar um novo papel que já não é o de professor, ainda que esteja ligado por laços de afetividade aos colegas. Seu papel passa a ser bem diferente, voltado para a orientação, gerenciamento e cobrança de resultados. E assim deve ser compreendida as funções do Professor-Coordenador pelo Corpo Docente.
A primeira grande tarefa do Professor-Coordenador, deve ser a de aglutinar os antigos colegas num trabalho de equipe, condição essencial para a melhoria do fazer pedagógico em sala de aula. Para isso, deve deixar claro os objetivos comuns da escola, rememorando o compromisso assumido na elaboração do "Plano Escolar".
Primordial será analisar o desempenho de professores e alunos nos dois primeiros bimestres e, ao lado da Direção, propor ações efetivas para melhorar esse desempenho, pois não será preciso "queimar as pestanas" para concluir que, em média, o aproveitamento nas escolas públicas estaduais vai mal, muito mal (não andará muito melhor as de 1ª a 4ª séries). Detectados os índices de reprovação nas várias disciplinas, será importante discutir esses resultados, tanto em conjunto, como individualmente, com os professores. A troca de informações com os docentes envolvidos com os baixos índices de aproveitamento às avaliações externas mostram-se imprescindíveis a fim de que conheça, em profundidade, as características desses profissionais, entre as quais sua inclinação e vontade em remodelar seu trabalho e o grau de interesse pela aprendizagem do alunado, com vistas ao melhor desempenho nos bimestres que se seguirão. Esta entrevista servirá como uma troca de informações, objetivando a implementação de ações necessárias à melhoria do trabalho em sala de aula, propondo-se, se for o caso, alterações metodológicas, posto que as utilizadas, até o momento, mostraram-se ineficazes frente aos resultados, até o momento, obtidos. Do lado do professor, haverá "N" justificativas indo da falta de pré-requisitos à conduta negativa do aluno em sala de aula, justificativas essas que, afinal, são um convite ao imobilismo e à manutenção do "status quo", mesmo porque muitos são incapazes de exercer auto-crítica sobre a sua atuação no desenvolvimento dos conteúdos e no relacionamento com o alunado. É necessário haver um esforço do Professor-Coordenador, no sentido de reestimular o docente envolvido com maus resultados para o compromisso de tentar novas formas de trabalho capazes de alterar os rumos do processo. Uma vez conseguido tal compromisso, será imprescindível da parte do Professor-Coordenador acompanhar essas ações para que tudo o que se replanejou, não se perca nas boas intenções momentâneas (muito comum nas escolas públicas nas quais se fazem excelentes planos escolares para serem esquecidos algumas semanas após o início do ano letivo). Relembrar, em todas as reuniões, o que foi planejado para a escola. Reler planos e projetos, na busca do objetivo geral. Discutir com os professores a questão da assiduidade e buscar razões do excesso de falta de muitos às aulas é uma tarefa a ser levada adiante se se pretende a melhoria do trabalho dos faltosos (sob muitos aspectos, uma das principais causas do mau aproveitamento da classe, dada a descontinuidade do processo pedagógico naquela disciplina).
Quanto ao acompanhamento dos conteúdos planejados, deve o coordenador não só o basear no registro existente nos diários, como também louvar-se no caderno dos alunos, fonte essencial para saber a quantas andam as classes em relação àquilo que o docente se comprometeu a desenvolver. Se considerarmos a aprendizagem algo cumulativo, cujos conteúdos devem estar interligados ao longo do curso, o não cumprimento do que se planejou provocará lacunas irreversíveis na aprendizagem, o que não sucederia se o problema fosse detectado a tempo. Muito poderá fazer o Professor-Coordenador pelo aperfeiçoamento dos docentes nas HTPCs e Reuniões Pedagógicas, selecionando textos, mormente os que tratem de metodologia para o desenvolvimento dos conteúdos, das quais se ressente vasta proporção de docentes acostumados a trabalhar apenas com questionários (à guisa de síntese das unidades) e excessivo uso do livro didático que, de simples material de apoio, vem se transformando em peça essencial do trabalho em sala de aula. Cabe ao Professor-Coordenador oferecer, tanto quanto possível, material para a leitura do grupo, que será tanto mais eficaz quando se relacionar ao dia-a-dia dos professores nas diferentes áreas e disciplinas cujos resultados da leitura e discussão, cheguem realmente à sala de aula. Por meio dessas leituras e discussões, estar-se-ia fazendo, até mesmo, um verdadeiro treinamento em serviço, desde que o Professor-Coordenador acompanhe passo a passo a aplicação daquilo que resultou dos debates do grupo sobre determinadas matérias interessantes à melhoria da qualidade das aulas nas disciplinas onde se observam defasagens graves. Cabe também, ao coordenador, examinar as dificuldades para o cumprimento do projeto e trazer para debate sugestões para vencê-las (segundo sua proposta de trabalho).
* A importância da pauta da HTPC
Relevante será para o Professor-Coordenador organizar, previamente, a pauta das HTPCs, que se constituirá em prática eficiente para evitar improvisações, provocando críticas da parte dos envolvidos, colocando em cheque seu trabalho, mormente quando alguns professores realizam a HTPC a contragosto.
Evitar os famosos "quebra galhos" para as HTPCs é mais uma tarefa do Professor-Coordenador. Fazer de conta que a HTPC está sendo realizada, quando os professores inscritos se encontram dispersos por diversos horários e até em janelas é o primeiro passo para desacreditar nesse importante momento pedagógico. Como os professores de 5ª a 8ª séries estão obrigados a essa atividade, os que se inscreveram deverão cumprí-las, realmente. Irregularidades nesta atividade recairão, fatalmente, sobre as costas dos professores-coordenadores de ora em diante.
* Atuando sobre as avaliações
Outra atividade de suma importância nas HTPCs é a constante análise das avaliações (internas e externas) que serão aplicadas aos alunos. Nesse aspecto, seria relevante que os professores-coordenadores solicitassem aos docentes os critérios de avaliação, os instrumentos utilizados no bimestre e cópia das provas, a fim de facilitar análises em grupo, para saber dos propósitos dos docentes ao elaborá-las, se as questões estão voltadas para a introjeção de conceitos básicos de cada conteúdo dentre outras questões que cercam as avaliações. A prática nos demonstra que, entre muitos docentes, as provas constituem um mero amontoado de questões nas quais os objetivos não se expressam claramente; os conceitos básicos da unidade a ser avaliada não ganham relevância; as menções numéricas são simplesmente convertidas em menções alfabéticas, contrariando a filosofia vigente . Lutar pela introdução de variados instrumentos de avaliação, no fazer do docente, constituirá importante contribuição do professor-coordenador para a melhoria do desempenho dos professores e alunos.
* Atuando sobre as recuperações
O mesmo se poderá dizer das recuperações (cujas provas devem ser arquivadas para evitar problemas ligados a eventuais recursos dos pais após a avaliação final do ano letivo). As HTPCs e Reuniões Pedagógicas ensejarão ao Professor-Coordenador orientar o corpo docente no sentido de fazê-lo compreender que a recuperação não constitui mera repetição dos conteúdos não apreendidos, mas um novo momento no qual se aplicarão métodos diferenciados para atingir os objetivos propostos pelo professor. Discutir novas metodologias implicará em o professor-coordenador buscar fontes de informações para se equipar. Nesse aspecto, cabe à Secretaria da Educação providenciar sérios treinamentos para alguém que foi jogado ex-abrupto num contexto pedagógico eivado de problemas, os quais já seriam difíceis de serem enfrentados até mesmo por um especialista.
* A contínua análise dos resultados
Dispondo de 40 horas semanais, haverá tempo para que os professores-coordenadores elaborem gráficos de aproveitamento das séries, a fim de levar aos professores informações fundamentais sobre o desempenho dos alunos em todas as disciplinas para, sistematicamente, discutir esses resultados com os docentes, buscando, sempre, novas soluções para o aprimoramento das avaliações. Por outro lado, nada impede ao Professor-Coordenador manter contato direto com as classes e alunos em dificuldades, transmitindo-lhes orientações para que se apliquem mais em determinadas disciplinas. Será mais uma contribuição à melhoria do ensino-aprendizagem, se todos se congregarem em uma verdadeira equipe para atingir objetivos comuns.
* LEGISLAÇÃO PARA CONSULTA : Resolução SE nº 76/97
fonte: www.udemo.org.br / revista do projeto pedagógico
SUGESTÃO - PAUTA DE OBSERVAÇÃO
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
QUADRO DE LEITURA - ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS
VEJAMOS... EM PRIMEIRO LUGAR: PARA QUE LER?
Para se entreter, para se divertir, para imaginar lugares nunca visitados, para viver a vida na pele de outra pessoa, para se emocionar, para aprender, para se desligar do cotidiano, para saber como viviam as pessoas em outros lugares... Amos Oz, renomado autor israelense, nos explica as vantagens de ler um romance:
"Se adquirir uma passagem e viajar a outro país, é possível que você veja as montanhas, os palácios e as praças, os museus, as paisagens e os locais históricos. Se a fortuna lhe sorrir, talvez tenha a oportunidade de conversar com alguns habitantes do lugar. E voltará para casa carregado com um monte de fotografias e postais.
Mas, se lê um romance, adquire uma entrada para os recantos mais secretos de outro país e de outro povo. A leitura de um romance é um convite a visitar as casas de outras pessoas e conhecer seus cantos mais íntimos.
Senão for mais do que um turista, talvez tenha a oportunidade de se deter em uma rua, observar uma velha casa do bairro antigo da cidade e ver uma mulher debruçada à janela. E, então, dará a volta e seguirá o seu caminho.
Mas, como leitor, observa não só a mulher que olha pela janela. Está com ela dentro da sua casa, e até dentro da sua cabeça.
Quando lê um romance de outro país, você é convidado a passar à sala de outras pessoas, ao quarto das crianças, à cozinha, e mesmo ao dormitório. É convidado a entrar em suas dores secretas, em suas alegrias familiares, em seus sonhos."
(extraído de "A mulher na janela", publicado em O Estado de São Paulo em 30/10/2007)
E COMO LEEM OS LEITORES DE LITERATURA?
Devoram livros inteiros, apreciam aos pouquinhos,não descolam os olhos das linhas enquanto balançam no ônibus, leem em voz alta para emocionar os amigos, escolhem um trecho para copiar, vão às lágrimas, riem sozinhos...
E os leitores gostam, principalmente, de conversar com outros leitores: "Você já leu este livro? Conhece o autor? Já leu aquele outro livro dele? O que achou do fim? Eu gostei principalmente porque...". E assim por diante.
Queremos criar na escola não só o hábito de ler, mas de compartilhar a leitura e suas impressões sobre os textos lidos. Este cartaz é um instrumento para estimular qeu os nossos pequenos leitores registrem suas leituras, suas opiniões sobre o que foi lido, socializando-as com o grupo.
ALGUMAS DICAS E ORIENTAÇÕES DE USO
CARTAZ DE TABUADA
domingo, 16 de agosto de 2009
sábado, 15 de agosto de 2009
DICA DE LIVRO
ENSINAR: TAREFA PARA PROFISSIONAIS
Autor: PEREZ, TEREZA, NOGUEIRA, NEIDE
Organizador: CARDOSO, BEATRIZ
Editora: RECORD
Este livro pretende promover uma reflexão sobre a formação dos professores do ensino fundamental, com base nos sistemas públicos de ensino e tomando como exemplo uma experiência de trabalho - o Programa Escola que Vale - um processo de formação continuada para profissionais da educação em redes públicas municipais. Traz depoimentos de vários docentes e suas experiências em sala de aula, buscando na prática os melhores caminhos para o aprimoramento da educação no país.
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
TURMA DA MÔNICA JOVEM - EXPLORANDO OS GIBIS
A Turma da Mônica Jovem é uma publicação nova, voltada para um público um pouco mais velho que os leitores da Turma da Mônica tradicional. É um estilo de história em quadrinhos que traz desafios na medida para nossos leitores deste segmento da escolaridade (3ª e 4ª séries):
* A revista é composta de uma história em vários capítulos e cada número tem relação com o anterior e com o posterior,familiarizando os alunos com narrativas mais extensas. As histórias são mais longas, têm uma trama mais sofisticada e complexa;
* A sequência dos quadrinhos é em estilo mangá (histórias em quadrinhos feitas no estilo japonês), que não é linear, e obriga o leitor a uma interpretação mais atenta da trama para conseguir acompanhá-la;
* Os personagens são um pouco mais velhos e trazem novos temas em suas histórias, que interessam aos alunos de 9 a 11 anos.
Além disso, os gibis da Turma da Mônica, de Maurício de Souza, são os mais indicados pedagogicamente por uma série de fatores:
1. São nacionais e, assim, apresentam personagens e situações que podem ser facilmente identificadas pelos alunos, pois são inspirados no cotidiano das crianças;
2. Apresentam diversidade de personagens, com características bem definidas, o que incentiva a tolerância às diferenças, o respeito às características individuais, a valorização da diversidade.
3. As histórias são divertidas, têm qualidade do ponto de vista da trama e do enredo, o que ajuda a despertar o gosto por textos de boa qualidade;
4. A Turma já passou pelo crivo de tempo e dos modismos, está consolidada como história em quadrinhos de qualidade. Faz parte da infância de várias gerações e deverá fazer parte da infância das próximas gerações.
5. A Turma da Mônica Jovem teve uma excelente aceitação no mercado, principalmente entre as crianças de 9 a 11 anos, faixa a que se destina esta aquisição.
Algumas dicas e sugestões para os professores de 3ª e 4ª séries (regulares e PIC):
* Conversar com eles sobre o crescimento dos personagens de Maurício de Souza:
- Como imaginavam que eles ficariam ao crescer?
- Acreditavam que eles manteriam suas características principais (Magali comilona, Cascão com medo de água, etc.)?
- Que tipo de história será vivida por eles?
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
terça-feira, 11 de agosto de 2009
MAIS UM TEXTO SOBRE LEITURA
Nas últimas décadas, a demanda pela leitura e pelo domínio da linguagem escrita em nossa sociedade é cada vez maior. Basta abrir as páginas dos classificados em qualquer jornal para que nos deparemos com as exigências colocadas para os profissionais à procura de emprego. Exige-se do candidato às mais diversas funções que demonstre domínio da língua portuguesa, que seja bom ouvinte, que tenha boa comunicação verbal e escrita, boa redação, facilidade de comunicação e um bom texto
Sabemos que esta demanda não é exclusiva do Brasil, mas uma questão mundial, que hoje exige o domínio da linguagem escrita como condição para a produção e acesso ao conhecimento.
Sobretudo a leitura é requerida para que se possa ter acesso a informações veiculadas das mais diversas maneiras: na Internet, na televisão, em outdoors espalhados pelas cidades, em cartazes afixados, sistematicamente, nos muros das ruas, nas mais diferentes placas informativas, folders, impressos de propaganda, distribuídos insistentemente aos transeuntes, e, até mesmo, em receitas médicas e bulas de remédios.
No entanto, não é apenas para o mundo do trabalho que esse conhecimento é importante. Para a ampliação da participação social e exercício efetivo da cidadania ser um usuário competente da linguagem escrita é, também, condição fundamental.
É decorrente dessa compreensão a necessidade que hoje se coloca para a escola: a de possibilitar ao aluno uma formação que lhe permita compreender criticamente as realidades sociais e nela agir, sabendo, para tanto, organizar sua ação. Para isso, esse aluno precisa apropriar-se do conhecimento e de meios de produção e de divulgação desse conhecimento.
Nas sociedades letradas, como a nossa, esse processo de apropriação está estreitamente ligado ao conhecimento da linguagem escrita, principalmente no que se refere à leitura.
Esse conhecimento, tal como hoje compreendemos, refere-se a um grau ou tipo de letramento que inclui tanto saber decifrar o escrito, quanto ler/escrever com proficiência de leitor/escritor competente, quer dizer, saber utilizar nas práticas sociais de leitura e de escrita as estratégias e procedimentos que conferem maior fluência e eficácia ao processo de produção e atribuição de sentidos aos textos com os quais se interage.
No que se refere especificamente à leitura, o que isso significa?
:: Leitura: uma prática social
Em relação à leitura, ter fluência e ser eficaz na atribuição de sentido aos textos significa, inicialmente, compreender que ler é uma prática social que acontece em diferentes espaços com características muito específicas: o tipo de conteúdo dos textos que nele circulam, as finalidades da leitura, os procedimentos mais comuns, decorrentes dessas finalidades, os gêneros dos textos. Por exemplo, em um consultório de dentista costumam estar disponíveis vários tipos de revistas, ali disponibilizadas para que os pacientes "passem o tempo" enquanto esperam seu horário; uma leitura de entretenimento, basicamente. Nessa situação, a leitura costuma ser feita em voz baixa, e é interrompida tão logo a presença do paciente seja solicitada pelo dentista.
Os textos terão características bastante diferentes, proporcionais à variedade de cada revista e serão organizados em gêneros típicos da mídia impressa: artigos, reportagens, notícias, notas, classificados, propagandas, editorial, crônicas, por exemplo.
Em uma missa da igreja católica costumam circular os textos religiosos que constam da Bíblia, de missais e folhetos que orientam a participação no ritual. Nestas ocasiões, lê-se supostamente para retirar do texto algum ensinamento - já que os textos a serem lidos foram selecionados especificamente com esta finalidade -, ou para acompanhar o ritual, sabendo quais falas deverão ser realizadas. Nessa situação, é costume realizar leituras em voz alta, individualmente e em coro. A leitura que se realiza nesse espaço, quando se trata da Bíblia, é de pequenos trechos, não se tratando, dessa forma, de uma leitura exaustiva. Quando se trata dos missais ou dos folhetos orientadores, a leitura é quase instrucional, visto que orienta as pessoas sobre o que devem dizer nos diferentes momentos do ritual.
Quando se está em casa e se toma um romance para ler por entretenimento, por exemplo, a leitura será sempre extensiva (a obra toda, linearmente), ainda que realizada parte a parte.
Ao se participar de uma leitura dramática, sabe-se que uma peça de teatro será lida em voz alta e interpretada por atores. A finalidade colocada para a leitura é interpretar dramaticamente o texto; para os que assistem, é apreciar a leitura que está sendo realizada pelos atores. Nessa situação, os textos serão sempre peças de teatro.
Assim como coexistem diferentes práticas sociais em uma mesma sociedade, em um único momento histórico, diferentes sociedades estabeleceram diversos usos para a escrita e a leitura ao longo da sua história.
Como afirma Marisa Lajolo:
"Em algumas sociedades, leitura e escrita eram privilégio de sacerdotes ou de governantes. Nas sociedades ocidentais - entre elas a nossa - embora tivessem nascido e se fortalecido na esteira da administração governamental e da catequese cristã, escrita e leitura muito cedo ganharam usos cotidianos. Assim, além de repartições de governo, altares e púlpitos de igrejas, ambientes domésticos como salas de costura e varandas de fazendas, ao lado de pátios de hospedarias pousos de tropeiro e feiras livres transformaram-se em cenários de leitura. Nesses espaços ora públicos ora privados, mas sempre coletivos, se liam e se ouviam ler textos muito diferentes daqueles que interessavam diretamente ao governo e à Igreja. Nesses espaços lia-se ficção (novelas, crônicas e romances) e ouvia-se poesia".
A leitura, como prática social, é, portanto, histórica.
:: Leitura: processo individual e dialógico
Usar a leitura de forma competente significa, também, compreender que ler é tanto uma experiência individual e única, quanto uma experiência interpessoal e dialógica. E isso nos remete diretamente à natureza do processo de leitura. Toda leitura é individual porque significa um processo pessoal e particular de processamento dos sentidos do texto. Mas, toda leitura também é interpessoal porque os sentidos não se encontram no texto, exclusivamente, ou no leitor, exclusivamente; ao contrário, os sentidos situam-se entre texto e leitor.
Um texto é sempre produzido em um determinado momento histórico no qual se encontra definido um determinado horizonte de expectativas, derivado de um conjunto de conhecimentos e informações disponível e compartilhado pelos possíveis interlocutores - em maior ou menor medida. Assim, quando um texto é produzido, alguns sentidos são pretendidos pelo autor, sentidos decorrentes da forma de compreender o mundo constituída naquele momento histórico específico e em uma determinada cultura.
Uma leitura, igualmente, é decorrente do conjunto de conhecimentos e informações disponível no momento histórico em que a leitura se realiza, o qual constitui uma determinada forma de ver o mundo.
Desse modo, ao lermos uma obra escrita em meados do século XVIII, por exemplo, certamente nos depararemos com determinados ideais estéticos de beleza feminina e masculina, com determinadas referências de educação e cultura que, podem não corresponder, necessariamente, aos que hoje circulam na nossa sociedade. Por exemplo: uma pele alva, e uma mulher "cheia de carnes" podem não corresponder à referência estética de beleza feminina de hoje, na sociedade brasileira (certamente, não corresponderá nunca aos ideais estéticos dos países de cultura africana...). Da mesma forma, o hábito de a mulher andar sempre protegida por uma "sombrinha", o significado conferido ao ato de corar diante de uma fala um pouco mais atrevida de um homem, o efeito que provocava nos homens a visão de um tornozelo feminino, não são os mesmos que circulam hoje, na nossa cultura.
Assim, o processo de construção dos sentidos de uma obra de tal época será resultado do que for possível ao leitor de hoje compreender (e recuperar) sobre os valores que circulavam quando a obra foi produzida. Essa compreensão se dará de maneira circunscrita em um horizonte cultural atual, que pressupõe outros valores; portanto, os sentidos não serão os mesmos que circulavam no contexto cultural de origem da obra, mas aqueles que forem possíveis ao leitor hoje, que resultarão permeados das nuances dos valores atualmente vigentes.
Um aspecto importante de salientarmos é o fato de que as palavras são constituídas por um significado estável e recuperável pelos falantes de uma determinada língua em um determinado momento histórico -, e também por um conjunto de sentidos decorrentes das experiências pessoais de cada um, constituídos a partir das referências particulares de cada falante ao logo da vida. Significado e sentidos constituem um amálgama indissolúvel, de tal forma que uma palavra nunca será a mesma para diferentes pessoas, embora possa ser compreendida no que tem de generalizável.
Assim, ainda que lida por sujeitos que vivam em um mesmo momento histórico, uma palavra nunca será a mesma para diferentes sujeitos. Os sentidos de um texto, portanto, ao mesmo tempo em que são resultado de um processo pessoal e intransferível, dialogam, inevitavelmente com o outro: o autor, os outros sujeitos presentes no corpo de idéias que constituía o horizonte cultural do momento de sua produção. A leitura, assim, é pessoal e, ao mesmo tempo, dialógica
:: Letramento e leitura
A leitura, além disso, deve ser compreendida como parte de um processo mais amplo: o letramento, que se configura como um processo de apropriação dos usos da leitura e da escrita nas diferentes práticas sociais.
Nessa perspectiva, um leitor competente é aquele que usa a linguagem escrita - e, portanto, a leitura - efetivamente, em diferentes circunstâncias de comunicação; é aquele que se apropriou das estratégias e dos procedimentos de leitura característicos das diferentes práticas sociais das quais participa, de tal forma que os utiliza no processo de (re)construção dos sentidos dos textos.
Esses procedimentos e estratégias de leitura tanto são individuais e caracterizados como processos cognitivos de alta complexidade, quanto sociais, sendo decorrentes das especificidades das práticas sociais nas quais se realizam.
Além disso, também os elementos do contexto de produção dos textos devem ser considerados no processamento dos sentidos, dado que colocam restrições - e ao mesmo tempo possibilidades - que determinam os textos.
* Texto original: Katia Lomba Bräkling Edição: Equipe EducaRede. Março/2003
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
PROJETO: COLETÂNEA DE PROBLEMAS DE LÓGICA
DICA DE LIVRO
RESENHA:
Com sua linguagem apaixonada, a autora transporta o leitor para o universo da literatura infantil, abordando temas de grande interesse para o educador.
Você vai encontrar nesta obra:
* A importância das histórias
* Histórias sem texto escrito e suas possibilidades
* O humor na literatura infantil
* Poesisa para crianças
* Os contos de fada
* A apreciação crítica
* A formação de bibliotecas
SOBRE A AUTORA: Fanny Abramovich nasceu, cresceu e vive em São Paulo até hoje. Foi professora, atuou como jornalista e dramaturga. Morou em Paris e viajou muito. De uns anos para cá, não parou mais de escrever livros. Primeiro para professores. Depois para adolescentes. Mais tarde para pré-adolescentes. Dona de estilo e linguagem inconfundíveis, tem mais de cinquenta livros publicados.
LITERATURA INFANTIL É COISA SÉRIA!
domingo, 2 de agosto de 2009
UM TEXTO SOBRE LEITURA...
Muito se tem escrito, falado e discutido sobre os prazeres da leitura, sobre as conquistas sociais proporcionadas pelos livros, por tudo que podemos aprender e nos maravilhar com as narrativas e com os mais diversos mundos que as histórias fazem chegar até nós.
Muito também se tem discutido sobre a liberdade de ler, quesito que para muitos é considerado fundamental quando se fala em escolha de livros. Especialistas, professores e mesmo pais e leigos em literatura discutem se a leitura deve ser obrigatória, se cobrar resultados ou quantidades ajuda ou não a formar leitores. Sabemos não ter a resposta pronta, mesmo porque não se trata de uma resposta única para contextos tão variados de leitura, que dialogam com os variados grupos sociais e culturais representados em especial pela escola e as famílias.
Apesar de não adotarmos ou defendermos uma resposta acabada, acreditamos num formato de trabalho que, sem abandonar a liberdade e o alto grau de encantamento, ou seja, nenhum dispositivo de medição palpável ou mensurável, se preocupa – sim - com a qualidade do que é lido e com os espaços diferentes nos quais acontecem as leituras. Daí pensarmos numa diferença entre ler na vida e ler na escola.
Escolher livremente as leituras está na esfera do ler na vida. Esta sim, leitura sem nenhum compromisso, que a ninguém deve ser dada nenhum tipo de devolutiva, leitura que acontece no tempo e com quantidades, escolhas e critérios naturais de cada leitor. Leitura feita para nós mesmos, para a qual podemos escolher livremente apenas biografias ou romances, adotar um autor e ler toda sua obra, perseguir um tema, um gênero, fazer leituras complexas ou algumas bem simples, selecionar o horóscopo do jornal e deixar a política de lado, reler o mesmo livro dezenas de vezes, gostar mais dos religiosos ou de auto ajuda e assim por diante, numa seleção enorme de títulos. Alguns leitores afirmam que esta liberdade é a que caracteriza a mais prazerosa de todas as leituras, já que livre de qualquer cobrança. Também é verdade que é aquela que se reserva a todo público, a todas as idades e em qualquer situação.
Porém quando lemos para alguém que não nós mesmos, precisamos de outro conjunto de atitudes e experiências. Num dizer mais científico, uma nova postura e estética.
A responsabilidade de uma leitura que se faz para um outro não é só de ler por prazer e se deixar encantar pelas narrativas; ainda que sem esta finalidade, talvez não valha a pena ler para outro. Ler na escola representa formar leitores que possam, dentro de um leque variado e amplo, escolher seus próprios caminhos e também reproduzir atitudes leitoras. Todos sabemos que ensinamos bem quando sabemos do que estamos falando, conhecemos nosso assunto. É uma tarefa não fácil, pois precisamos abrir mão de nossos gostos pessoais, de nossas escolhas e nos manter absolutamente abertos para outras leituras, que nem nos pareçam prazerosas. Não podemos ensinar apenas aquilo que gostamos, é preciso ler também o que não gostamos, o que criticamos, o que não nos agrada. Nossos alunos precisam ter contato com todo tipo de texto e seus gostos podem ser bastante distintos dos nossos. Além disso, é tarefa do professor oferecer uma grande diversidade de opções no qual os alunos se sintam livres e, ao mesmo tempo, tentados. Mas ainda não é só: é preciso aprender a ler diferentes tipos de texto e para tal o professor precisa se preparar cada vez mais, tornar-se um apaixonado real pela leitura, procurar os textos que não conhece e não se acostumar num único tipo de texto. Como dito acima, não é tarefa fácil, já que nossa tendência primeira é seguir em busca de nossas escolhas e dos títulos que mais gostamos, que mais nos fazem sentir bem.
Esse desafio produz, geral e inevitavelmente, um encontro com o inusitado. Não é raro ouvir comentários de professores e demais leitores públicos que agregam um tanto a mais na sua lista de livros preferidos quando se lançam a uma busca por novos e inusitados títulos. O leitor coletivo, o leitor público, o professor, tem a responsabilidade de ser um leitor mais preparado que seus ouvintes, sempre aprende com eles, mas deve pesquisar e levar a cada encontro com o ouvinte, um conjunto de narrativas que se distingam, que formem uma lista e uma coletânea aberta a muitas tendências. Diante de um acervo de uma sala de leitura, ou de uma biblioteca é comum procurarmos por aquilo que já conhecemos ou nos guiarmos por alguns critérios como nome do autor, ilustrações, imagens que constituem o livro, até mesmo somente a capa, o tema, a espessura do livro, a quantidade de páginas. Tais práticas são muito comuns e acabam por repetir as mesmas práticas de nossos alunos quando buscam suas leituras. Quem procura algo absolutamente inusitado? Algo que nunca imaginou que um dia pudesse ler? Assim é a escolha de muitos leitores. Esse receio é absolutamente compreensível e legítimo, pois não costumamos nos aproximar do desconhecido, mas a leitura exige essa postura. Não gosto de biografia? É preciso buscar e ler. Nunca ouvi falar de ensaio, que gênero será esse? É para lá que eu vou. Histórias em Quadrinhos, oh não, é para pequenos! Será que tenho certeza disso?
Podemos também colocar nessa discussão, o item da qualidade do que se lê. Se é verdade que podemos aliar liberdade de escolha com uma boa dose de ajuda na escolha, também podemos e devemos (na leitura na escola) nos esforçarmos para atingir cada vez graus maiores de qualidade daquilo que é lido. A palavra qualidade assume aqui dois significados ou duas dimensões. A primeira delas se refere ao grau de compreensão e apreensão do texto lido, objetivo primordial da escola. Nesta dimensão, queremos indagar não apenas se a leitura é autônoma, se é rápida, se é integral, mas questionamos se o leitor foi capaz de mergulhar com intensidade na narrativa e consegue extrair dela o máximo que o autor escreveu. Nunca mergulhamos numa única obra, a leitura sempre nos indica novos mundos e novas leituras e é isso que chamamos de extrair o máximo! Outra dimensão da palavra qualidade se refere a escolha de bons textos. Dimensão difícil de se avaliar, pois chegamos até ela não só com um bom conhecimento de livros, mas com o exercício constante e apaixonado da leitura. Quanto mais se lê e se busca novos autores, gêneros, estilos e épocas; quanto menos se conforma com que já foi lido, mais se ganha experiência para qualificar os textos. A opinião e julgamento sobre as duas dimensões da qualidade é bastante difícil, pois necessita de um alinhamento entre gostos e atividades pessoais e coletivas. Na escola, atividades de julgamento são chamadas genericamente de avaliação e não podem prescindir de tal instrumento. Livres das velhas fichas de leitura que causaram o afastamento de muitos leitores em décadas passadas, a escola aprendeu a utilizar novos e deliciosos métodos de avaliar a performance leitora de seus alunos. Um deles é o de não ter dúvida de afirmar que melhor avalia, o professor que também melhor lê.
Um breve "exame de consciência" antes de continuarmos nossa conversa sobre "Ler na vida e ler na escola":
Como estou me saindo nas duas atividades?
O que tenho escolhido para mim e para meus alunos?
Tenho me esforçado para pesquisar títulos, editoras, gêneros e temas que desconheço?
Tenho lembrado que posso descobrir outros mundos que nem suspeitava, ao me aventurar em novas leituras?
Antes de fazer uma leitura coletiva, ou seja, uma leitura escolhida para um grupo, que não seja apenas para o leitor-solitário, podemos tentar ainda esse auto-questionário.
-Preparei a leitura antes de fazê-la?
-Conheço meu público? Sei como me comportar com ele e o que pedir em troca?
-Sei a qual gênero pertence o livro escolhido, que idéias traz, que temas discute?
-Já li algo sobre o autor, ilustrador, tradutor?
- Esta leitura me lembra outras narrativas?
- Por que escolhi este texto e não outro?
- Fiz comparações, procurei outros títulos que dialoguem com este escolhido?
-Posso e consigo falar do livro escolhido? Explorei suas imagens, li a apresentação, o prefácio, as orelhas, explorei-o como um objeto e com "um todo" de informações?
-Procurei outras versões, outras traduções ou adaptações (se acaso existem)?
-Conformei-me com a idéia de ler as mesmas leituras de todos os anos ou fui em busca de mais títulos para deixar meu grupo mais sábio?
- Não descansei enquanto não tive certeza de reunir e procurar um elevado grau de excelência com a leitura feita e com o que pude aprender lendo para mim e depois levando esta leitura para um outro público?
- Procurei o que não conhecia e mergulhei no seu conhecimento?
- Pesquisei nos acervos da sala de aula, biblioteca e outros espaços até esgotá-los?
São perguntas simples, mas que fazem toda a diferença quando se deseja garantir um bom nível de trabalho com leitura.
Podemos aqui, ainda, relembrar um dos fundamentos do Programa Ler e Escrever. Vejamos: Página 25 do volume 1 – Professor Albabetizador:
Porque é fundamental que o(a) professor (a) seja um modelo de leitor?
Muitas vezes, esses alunos não convivem com pessoas que lêem; portanto, você é uma referência muito importante quando se trata de explicitar os usos e funções da leitura e da escrita. Ao compartilhar com os alunos os diferentes propósitos com os quais aborda os textos, ao convidar os alunos a participar e testemunhar diferentes práticas de leitura, você está ensinando a eles comportamentos de leitor. Assim, você pode compartilhar suas ações quando lê na sala de aula. Por exemplo: ao consultar uma lista para encontrar um número de telefone, ao buscar uma informação do Diário Oficial, ao ler seu planejamento para o dia, entre outras possibilidades. Isso tudo contribui para que os alunos passem a ter conhecimentos sobre a função social da escrita.
No aconchego do seu quarto, com a luz do abajur acesa, mergulhado na leitura de um livro absolutamente pessoal, ou deitado preguiçosamente na praia em companhia daquele livro de receitas ou fazendo palavras cruzadas, o professor está livre de qualquer mediação ou critério. Na sala de aula, o professor-leitor ganha novas e imprescindíveis possibilidades de se relacionar com os livros. E, acredite, essas possibilidades fazem muito bem a ele que se descobre ainda mais leitor, já que capaz de contagiar todo seu grupo.
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