sábado, 26 de setembro de 2009

TEXTO - LEITURA EM VOZ ALTA PELO PROFESSOR


Discutindo um pouco a leitura em voz alta pelo professor – em que momentos acontecem? Qual sua finalidade?


Em que situações os professores lêem em voz alta para sua turma?
Talvez esta seja a primeira questão que nos fazemos quando nos deparamos com esta possibilidade didática. Poderíamos aqui enumerar algumas destas situações: lê para compartilhar um texto literário ou poético do qual gostou, ou que acredita ser importante que seus alunos conheçam; lê uma notícia veiculada num jornal ou revista, para que seus alunos não fiquem alheios ao que está acontecendo; lê um boletim informativo do qual sua turma é destinatário direto; lê um bilhete que irão encaminhar aos pais; lê textos instrucionais, quer sejam eles as receitas que farão na aula de culinária, quer sejam as instruções de um jogo novo... Enfim, os professores lêem em voz alta, em muitas situações diferentes no cotidiano da sala de aula. Mas talvez a questão seja outra: Para que o professor lê em voz alta na sala de aula? Embora, as repostas para esta segunda pergunta pareçam ser as mesmas que para a anterior, há, nesta segunda, a explicitação de uma intenção educativa.

“Na escola (...) a leitura é antes de mais nada um objeto de ensino. Para que se transforme num objeto de aprendizagem, é necessário que tenha sentido do ponto de vista do aluno, o que significa – entre outras coisas – que deve cumprir um função para a realização de um propósito que ele conhece e valoriza. Para que a leitura como objeto de ensino não se afaste demasiado da prática social que se quer comunicar, é imprescindível “representar” – ou “reapresentar” -, na escola, os diversos usos que ela tem na vida social.” -
in “É possível ler na escola?”- Ler e escrever na escola: o real,o possível e o necessário – Delia Lerner (o sentido da leitura na escola: os propósitos didáticos e propósitos do aluno páginas 79/80)

Quando um professor lê para sua turma um texto literário, por exemplo, além de considerar os propósitos sociais da leitura: ler para se encantar, ou para se entreter, ou para se emocionar..., Deve considerar também os propósitos didáticos, ou seja, o que o aluno pode aprender quando participar desta ou daquela situação de leitura: habituar-se com o estilo mais formal da linguagem; aprender vocabulário novo; conhecer mais sobre o estilo de um determinado autor; conhecer mais as características de determinado gênero...
Considerando isto, poderíamos aqui concluir que o papel do professor enquanto formador de leitores é muito importante! Embora esta afirmação seja uma verdade e o nosso discurso já incorporou esta máxima, o que podemos observar é que a prática ainda necessita aproximar-se bastante daquilo que nosso discurso tranquilamente veicula. Para que isso possa acontecer de forma mais bem sucedida é preciso que haja intencionalidade por parte do professor quando lê um texto para sua turma. Isto pode ser observado em algumas de suas ações:
· Explicitar sempre os motivos pelos quais quer compartilhar o texto com seus alunos: ou porque trata de uma questão interessante; ou porque conta uma história atrativa/divertida/surpreendente/emocionante; ou porque é atual; ou porque está relacionado com um tema que estão trabalhando num projeto; ou porque está bem escrito; ou porque lhes ajudará a resolver um problema, ou uma inquietação prévia do grupo.
· Proporcionar elementos contextuais que outorguem sentido a leitura e favoreçam a antecipação do que diz o texto:
. Comunicar às crianças onde e como encontrou o texto;

. Mostrar-lhes o portador: se for um livro, mostrar a capa e ler seus dados (título, autor , editora); se for um jornal referir-se à seção na qual o texto aparece e buscá-lo diante das crianças; se for uma carta, dizer como chegou à suas mãos , a quem está dirigida.
. Acrescentar informações complementares sobre o que será lido: quando ler um conto ou um poema, ler também partes do prólogo do livro, ou contar dados biográficos do autor; ao ler uma notícia, fazer referência a outras notícias parecidas ou apresentadas em outros jornais ou revistas; ao ler um texto de uma enciclopédia, conversar com os alunos para saber o que já sabem sobre o tema.
· Apresentar para o grupo seu próprio comportamento de leitor: mostrar-se interessado, surpreso, emocionado ou divertir-se com o texto escolhido; após a leitura, pode voltar para reler algum parágrafo: o núcleo mais surpreendente da história, o fragmento mais complexo do texto, o trecho que mais gosta; opinar sobre o que leu, trocar seus pontos de vista com os dos alunos;

Para que isto seja possível alguns cuidados são precisos:
· Evitar a escolha de textos com informações inexatas - banalizadas, distorcidas - supostamente escritos para um público infantil.
· Evitar a escolha de textos literários como um pretexto para deixar uma mensagem de cunho moral.
· Permitir que seus alunos façam seus comentários, que formulem e confrontem hipóteses.
· Permitir que os alunos compreendam o sentido de palavras difíceis no contexto e não porque elas foram explicadas durante ou a leitura ou substituídas por palavras ou termos mais fáceis.


· Selecionar, organizar, preparar o que será lido para a turma com antecedência.




:: fonte: site Além das Letras

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