sábado, 23 de outubro de 2010

TEXTO PARA ESTUDO - EDUCAÇÃO INFANTIL


REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA

Laura Moreira Barboza




INTRODUÇÃO
Essa reflexão é fundamentalmente baseada na minha vivência como professora pré-escolar
na Escola Experimental Vera Cruz, em São Paulo.



PRÉ-ESCOLA: QUE PERÍODO É ESSE?
Trata-se de uma fase fundamental no desenvolvimento emocional e cognitivo da criança (e,
conseqüentemente, na vida do indivíduo de uma forma geral), que, não obstante, é
freqüentemente encarada como um período apenas preparatório para a escola "de verdade"
ou para o que de realmente importante está por vir.
Desta forma, é muito comum a desvalorização do profissional que trabalha com as
crianças desta faixa etária, generalizando-se a idéia de que se trata mais de uma relação
afetiva entre a "tia" e a criança, do que uma relação profissional. (Não estou aqui de
maneira nenhuma querendo retirar o "afetivo" de cena, mas a relação que eu estabeleço
com o meu trabalho é profissional. Sou professora e não "tia". Trabalho numa escola e não
numa escolinha).
A verdade é que, enquanto nós, profissionais que trabalhamos com crianças na faixa de
trás a seis anos, não acreditarmos profundamente na importância do nosso trabalho para
o hoje dessas crianças, esta desvalorização generalizada e esta mistura de papéis
continuarão a existir.



CARACTERIZAÇÃO DA CRIANÇA E A IMPORTÂNCIA DA DISCUSSÃO EM EQUIPE
Partindo-se da crença na importância dessa criança de três a seis anos, hoje, o passo
seguinte será a sua caracterização.
• Quem é ela?
• Como pensa?
• Como dimensiona o tempo?
• Como dimensiona o espaço?
• Como enxerga o mundo à sua volta?
• Como percebe as diferenças entre a escola e a sua casa?
• Como expressa essas constatações?
• Como expressa o seu mundo interior?
• Como interage em grupo?
• É bom para ela ser solicitada a ficar sozinha em alguns momentos de trabalho?
Conforme estas questões vão sendo levantadas, torna-se imperativa a troca entre as
pessoas que estão desenvolvendo o mesmo tipo de trabalho.
Nesses momentos de troca e reflexão, é que a equipe se aproxima do objeto centralizador
do trabalho - a criança - e os objetivos, metas, rumos e linhas por onde este trabalho será
conduzido começam a tomar corpo.
Antes de se conhecer a criança, não há sentido de se falarem objetivos; antes de se aferir
as descobertas pessoais de cada um com o resto da equipe, buscando apoio nas linhas
teóricas que melhor se adeguem àquela prática específica, não podemos pensarem
recursos.
O professor tem como papel principal, ser o mediador entre a criança e o objeto do seu
conhecimento. A ele cabe a tarefa de lançar a pergunta à qual a criança ainda não foi
exposta; instigar sua curiosidade das mais diferentes maneiras; definir uma ação
pedagógica que vá ao encontro de seu desenvolvimento.



RECURSOS PEDAGÓGICOS
Depois de feita a caracterização da criança e a discussão em equipe para a determinação
de metas, objetivos e rumos, deparamo-nos com a necessidade de buscarmos os recursos
pedagógicos que melhor se adeguem à nossa realidade específica.
Em existindo um grupo de crianças e um espaço adequado, isto é, um espaço onde elas
possam movimentar-se ou parar, acabamos constatando que o recurso pedagógico mais
importante é o professor.
Somos nós que, através do conhecimento a respeito dessas crianças e da clareza com
relação aos objetivos que temos em função delas, estaremos transformando qualquer
recurso disponível em um ótimo recurso pedagógico.
Do mesmo modo, a recíproca também é verdadeira: de que adianta termos acesso ao melhor
material do mundo, se não conhecermos a criança e não tivermos clareza com relação aos
nossos objetivos?
Os recursos pedagógicos nunca devem sobrepor-se à busca da própria criança. A pergunta que
ela nos faz é que deve nortear nossas escolhas com relação aos recursos.
Se um recurso é significativo para a criança, ele se torna bom; caso contrário, ele vira um
massacre.



CONCLUSÃO
É muito importante deixarmos as crianças à vontade, ao agirmos como mediadores entre ela e
o objeto do seu conhecimento.
Este "ficar á vontade" é caracterizado pela espontaneidade com que ela vai estar agindo dentro
do processo de construção do seu conhecimento.
Esta espontaneidade (e, às vezes, até uma imprevisibilidade) não nos deve assustar nem nos
desencorajar, pois, volto a frisar, se nossos objetivos estiverem claros e se conhecermos esta
afiança, teremos todas as condições de lidar com as situações que ocorrerem, e estaremos cada
vez mais próximos dessa criança, acompanhando com prazer o ato de construção do seu
conhecimento, hoje.



* fonte: site CREMário Covas

3 comentários:

rosimere disse...

Muito bom este texto, parabéns... bjs.

Anônimo disse...

Olá Parabéns pelo blog, minha esposa já é seguidora há um bom tempo eu, estou seguindo agora. Também temos um espaço legal para as crianças no Escrivaninha onde em breve estarei divulgando o seu blog, Parabéns.

nicaferreira.claudino36 disse...

Desculpe-me, mas no meu ponto de vsta, a desvalorização do professor(a) não está em ser chamado de "tia" ou "tio", mas sim no próprio profissonal na sua maneira de pensar ou de agir. Desenvolva no seu aluno(a) a afetividade com responsabilidade, a interação precisa de vínculo, a criança aprende com mais facilidade, tem mais sabor.