Por Carolina Cunha
Ilustração do livro O Cabelo de Lelê
“Era uma vez uma menina linda, linda. Os olhos pareciam duas azeitonas pretas brilhantes, os cabelos enroladinhos e bem negros. A pele era escura e lustrosa, que nem o pelo da pantera negra na chuva. Ainda por cima, a mãe gostava de fazer trancinhas no cabelo dela e enfeitar com laços de fita colorida. Ela ficava parecendo uma princesa das terras da áfrica, ou uma fada do Reino do Luar.”
Assim começa o livro Menina Bonita do Laço de Fita, um dos maiores sucessos da premiada escritora Ana Maria Machado. Esse é um dos livros favoritos da servidora pública Paula Rosa, 41, que costuma contar histórias para sua filha Mariana, de seis anos.
Para a mãe, o livro ajuda a menina a lidar com a diversidade e a autoestima. “Achei muito delicado. Espero que ela não caia na armadilha desses padrões de beleza que existem por aí”, conta a brasiliense, que é negra e se preocupa em como a filha vai lidar na escola como o preconceito racial ainda existente na sociedade. “Ela tem que se achar bonita exatamente do jeito que é”.
Se, há alguns anos, esse tipo de livro era quase uma raridade no mercado, agora cada vez mais as editoras apostam em obras infantojuvenis que abordam temas raciais e histórias de matriz africana.
São títulos que estimulam reflexões sobre a diversidade, mas também prometem divertir as crianças com mitos e lendas, transmitidas por contadores de histórias às novas gerações de filhos e netos do velho continente.
“Os livros africanos não são bons apenas para crianças negras, são bons para qualquer criança”, acredita Ana Beatriz Almeida, educadora e pesquisadora de cultura afro-brasileira. O livro preferido da carioca no gênero é o Sikulume e Outros Contos Africanos, que traz mitos muito antigos que resgatam uma África de tempos imemoriais.
“Os contos africanos não estão ligados à religiosidade, estão ligados à cultura. Eles partem da ancestralidade africana para contar histórias universais. O que é bonito é que eles trazem um referencial diferente para as crianças que estão crescendo num mundo multicultural”, diz Ana Beatriz.
No Brasil, por lei, desde 1996 o ensino da história e cultura afro-brasileira é obrigatório na escola. No Distrito Federal, esse mundo plural já se reflete nas salas de aula. É o caso da professora Vivian Batista, que faz rodas de leitura com seus alunos em Brasília. Segundo ela, a valorização das diferenças é um processo que pede um diálogo aberto.
“As crianças gostam e são muito curiosas. No começo, existia um estranhamento sobre o tema e muitos chegavam com uma visão errada sobre a África. Diziam que é um lugar ‘do mal’, coisas assim. Mas é para isso que estamos aqui. Para ampliar esse conhecimento. A gente lê a história e depois conversa sobre o que ela diz”, conta a educadora.
O Cabelo de Lelê
Lelê é uma linda menininha negra que não gosta do seu cabelo. Ela diz: de onde vêm tantos cachinhos? A resposta chega em um fantástico livro. Uma leitura que valoriza a beleza da herança africana.
Ulomma: A Casa da Beleza e Outros Contos
"Ulomma, Casa da Beleza" é uma coletânea de contos que mostram a rica tradição oral africana guardada pelo autor, que as ouviu de seus pais e avós durante a infância na Nigéria.
Bruna e a Galinha D´angola
Bruna era uma menina que se sentia muito sozinha. Sua avó veio da África e sempre lhe contava histórias. Uma que ela gostava era de um bonito tecido pintado à mão, que revelava a história da galinha D´angola, originária da África.
As tranças de Bintou
Uma menina africana chamada Bintou tem um sonho: ter tranças no cabelo como todas as mulheres mais velhas de sua aldeia. Quando ela poderá ter tranças longas com miçangas? Bintou aprende a ser feliz com seus quatro birotes no cabelo.
Um comentário:
O livro "O cabelo do Lelé" é bem legal, as crianças adoram. Sugiro, também, o livro "Menina bonita do laço de fita", que já é um clássico. Bjokas. Professora Neyde
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