quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

EDUCAÇÃO INFANTIL - EXPLORAR O MUNDO PELO MOVIMENTO


EXPLORAR O MUNDO PELO MOVIMENTO



BERÇÁRIO 1 – As crianças, desde bebês, podem ser incentivadas a explorar com progressiva autonomia, presteza e confiança os diferentes desafios oferecidos pelo espaço para além do berço, por meio de movimentos rudimentares e básicos, tais como erguer a cabeça, rolar, sentar, apoiar,
rastejar e engatinhar. Também podem aprender a manipular e explorar diferentes objetos, utilizando-se dos movimentos básicos tais como pegar, largar, levar à boca, chutar, lançar de diferentes modos, empilhar, encaixar, etc.


BERÇÁRIO 2 – Com a conquista da marcha, as crianças podem explorar desafios maiores oferecidos pelo espaço por meio de movimentos coordenados rudimentares e básicos (erguer a cabeça, rolar, sentar, apoiar, rastejar, engatinhar), mas também andar, correr, saltar, saltitar, pular para baixo, subir, etc, com maior autonomia, presteza e confiança. Elas podem ser apoiadas a manipular e explorar objetos de diferentes características (formas, pesos, texturas, tamanhos, etc.) utilizando-se de movimentos básicos (pegar, largar, levar à boca, chutar, lançar de diferentes modos, empilhar, encaixar, etc.) igualmente com autonomia, presteza e confiança progressiva.



MINI-GRUPO E PRIMEIRO ESTÁGIO – As crianças podem continuar a ser incentivadas a explorar os diferentes desafios oferecidos pelo espaço por meio de movimentos coordenados básicos (como andar, correr, saltar, saltitar, pular para baixo, subir, escalar, trepar, arrastar-se, pendurar-se, balançar-se, equilibrar-se, etc.) com maior autonomia, presteza e confiança, e aprender a orientar-se corporalmente com relação a: em frente, atrás, no alto, em cima, embaixo, dentro, fora. Também podem aprender a usar os movimentos básicos de pegar, lançar, encaixar, empilhar, etc. com mais presteza e autonomia na manipulação e exploração de diferentes objetos.



SEGUNDO E TERCEIRO ESTÁGIOS – As crianças podem aprender a usar os movimentos básicos que aprenderam a dominar, e também algumas combinações de movimentos (como andar e puxar, lançar e pegar, andar e quicar uma bola, etc.) ao explorarem os desafios oferecidos pelo espaço com mais confiança, autonomia e eficácia. Podem aprender a se orientar corporalmente em relação à – em frente, atrás, no alto, embaixo, dentro, fora – respondendo adequadamente a proposições orais. Também, podem manipular e explorar objetos de diferentes características (formas, pesos, texturas, tamanhos, etc.) com maior presteza e autonomia, utilizando-se não apenas dos movimentos básicos como de algumas combinações de movimentos (empurrar e carregar, correr e lançar, etc.).





ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS


Dizer “explorar o mundo pelo movimento” é, de certa forma, redundante, uma vez que a criança é um todo integrado e sempre utilizará seu corpo em movimento para explorar o ambiente. Ainda assim, é importante ressaltar a dimensão do movimento na exploração do mundo, para que ela seja, por vezes intencionalmente, o foco das intervenções do professor, tanto na hora de planejar e organizar o ambiente como nas observações que poderá fazer no decorrer das atividades.
Tendo o movimento como foco, o professor propõe desafios corporais adequados às competências motoras de seu grupo de crianças, de modo que elas possam percorrêlos com relativa autonomia e assim experimentar e exercitar suas competências motoras e de orientação espacial, sempre de modo a ampliá-las.
No berçário, é preciso considerar que o simples fato de conhecer e ampliar as possibilidades do seu corpo é uma atividade bastante prazerosa para as crianças. É por isso que elas são capazes de repetir incessantemente movimentos aparentemente sem valor funcional pelo simples prazer de exercitar uma nova conquista motora, o que se dá, por exemplo, quando o professor lhes permite que virem e desvirem em um colchonete com outras crianças, tentando alcançar objetos.
Preparar um ambiente para as crianças de modo que elas se sintam instigadas a explorá-lo, entretanto, requer mais do que pensar nos desafios motores. O ambiente a ser explorado deve ser estimulante, não apenas do ponto de vista motor, mas do ponto de vista das sensações, da cognição e da imaginação.
Nos berçários, além da variação na topografia do espaço – com o uso de colchonetes, almofadas, mobiliário, planos inclinados, túneis, divisórias feitas com caixas ou tecido – deve ser criado um ambiente estimulante aos sentidos, em que cores e imagens diversas, objetos a serem alcançados, móbiles com possibilidades de movimento e emissão de sons, e diferentes texturas, reforçam a vontade que as crianças possuem de explorar o entorno.
Conforme as crianças vão crescendo, o elemento simbólico ganha importância e o espaço poderá ser enriquecido com elementos de faz-de-conta, seja por meio de tecidos que viram castelos, desenhos no chão que podem sugerir a existência de peixes em um rio a ser ultrapassado, meio tonel que pode virar um navio, uma fila de cadeiras que se transforma em um trem, e assim por diante.
Montar o espaço com as crianças a partir de uma história contada ou criada por elas também é um modo interessante de ampliar as possibilidades simbólicas do espaço, transformando-o em cenário para a brincadeira. Ao planejar e ajudar na organização do espaço, as crianças podem também atuar como em um jogo de construção em uma dimensão maior, empilhando pneus, almofadas, planejando o percurso que irão fazer, antecipando e exercitando o senso de orientação espacial.
A área externa geralmente oferece uma série de desafios motores que são diariamente explorados pelas crianças. Sua estabilidade é importante para que elas possam exercitar repetidas vezes alguns movimentos e criar novos modos de explorar os mesmos brinquedos. É importante, entretanto, que esse espaço receba regularmente intervenções do professor, para que se transforme e se torne ainda mais instigante para as crianças.
Alguns materiais simples – como cordas, pneus e tecidos – podem criar novos desafios corporais e enriquecer o ambiente com fantasia e encanto. É bom lembrar também que o parque é um lugar privilegiado para a interação de crianças de diferentes faixas etárias, quando os menores podem espelhar-se nos maiores tentando acompanhar e imitar seu jeito de explorar o espaço. Os maiores podem ser orientados a ajudar e proteger os menores, em um importante jogo social de cuidar do outro. Mesmo as crianças de berçário 1 e 2 devem ter momentos freqüentes de exploração conjunta do entorno com crianças de grupos maiores, de quem possam imitar movimentos que ainda não foram capazes de realizar.
Para que as crianças conheçam, também pelo movimento, diferentes propriedades dos objetos, é preciso que sejam oferecidos com regularidade objetos diversificados, como bolas, caixas, cordas, aros, brinquedos – estruturados ou não –, com diferentes formas, texturas e cores, para que as crianças de diferentes idades possam experimentar diversos modos de segurá-los, empilhá-los, arremessá-los, criando formas de explorálos ou conhecendo novas formas ao imitarem o colega ou o professor.
A exploração dos objetos pode acontecer: de forma relativamente livre, com o professor ressaltando diferentes formas de atuar com eles, integrada a jogos de faz-de-conta (onde a criança pode, por exemplo, realizar diversos movimentos ao brincar de cozinhar, manipulando panelas, talheres, copos, alimentos de “mentirinha” etc.), ou ainda, na construção de algum objeto imaginado (como uma ponte ou um robô) com blocos de madeira, encaixes de plástico ou caixas de papelão.
:: FONTE: Orientações curriculares : expectativas de aprendizagens e orientações didáticas para Educação Infantil / Secretaria Municipal de Educação – São Paulo : SME / DOT, 2007.

Nenhum comentário: