LIÇÃO DE CASA
Rosaura Soligo
A chamada lição de casa tem sido um motivo de grande preocupação para pais e educadores, pois, entre outras características, é um ponto de interseção da escola com o espaço doméstico. Não parece ser, portanto, casual a freqüência com que esse assunto aparece nas conversas de pais e professores, principalmente no início da escolaridade.
Trata-se de um tipo de atividade que pode ter diferentes objetivos, a partir dos diferentes envolvidos (diretos ou indiretos) em sua realização: professores, alunos e pais. Do ponto de vista dos alunos, especialmente quando ainda são crianças, pode servir, muitas vezes, de pretexto para exigir disfarçadamente a presença de um familiar, para chamar a atenção. Do ponto de vista dos pais, pode ser uma oportunidade de conhecer melhor a proposta pedagógica da escola. Do
ponto de vista da escola, pode ter objetivos como os descritos nas propostas que se seguem.
• Lições de cunho mecânico: são tarefas em que a finalidade é que o aluno memorize, decore, exercite ou treine algo para poder fazer uso com rapidez na sala de aula – por exemplo, estudar as tabuadas para ganhar maior agilidade nos cálculos. Mesmo em se tratando de memorização, é preciso oferecer alguma orientação sobre a melhor forma de fazê-lo. No exemplo da tabuada, pode-se sugerir ao aluno procedimentos do tipo: repetir diferentes vezes, observar quais os resultados que se repetem, procurar identificar regularidades (se eu sei quanto é 3x4, para encontrar 6x4 é só usar o dobro do primeiro resultado) e outras maneiras.
• Lições de continuidade: são tarefas que se desdobram a partir de outras que foram iniciadas na sala de aula e cuja finalização é importante para o prosseguimento do trabalho – por exemplo, ler um texto em casa sobre algum assunto em estudo. Progressivamente o aluno deve realizar essas atividades sem ajuda.
• Lições que contribuem para o desenvolvimento de outras propostas: são tarefas como pesquisas em livros, revistas ou jornais, entrevistas com pessoas, coleta de materiais etc. Especialmente nas atividades de pesquisa, o aluno necessita de uma supervisão, pois selecionar o que é relevante dentre várias possibilidades não é uma tarefa simples – ao contrário, trata-se de um procedimento bastante complexo que, mesmo depois de aprendido, precisa ir sendo aperfeiçoado ao longo da escolaridade. Assim, se ele não tiver ainda domínio desse procedimento e não puder contar com ajuda em casa, nem sempre é possível solicitar tarefas desse tipo.
• Lições com a finalidade de sondagem ou avaliação: são tarefas que se destinam a identificar quais são as dificuldades do aluno, que procedimentos utiliza, o que (e como) sabe sobre um determinado assunto – nesse caso, sempre que possível, os familiares podem
acompanhá-lo tentando perceber o que lhe oferece dificuldade e por quê.
A lição de casa adequada é aquela que atende a algum dos objetivos acima descritos e pode-se fazer sem intervenção do professor. Não tem sentido, como às vezes se faz, propor ao aluno uma enorme quantidade de tarefas que lhe ocupam parte considerável do tempo exclusivamente com cópia e exercícios repetidos de fixação. É certo que o tempo de estudo é uma variável importante que incide na aprendizagem, mas não se pode querer superar as limitações de uma escola de meio período com enormes quantidades de lições de casa, para a realização das quais o aluno não dispõe de uma outra variável que incide decisivamente na aprendizagem: a intervenção pedagógica.
Algumas dicas que se podem sugerir aos familiares com disponibilidade de ajudar o aluno em casa, principalmente quando ainda é criança:
• Pedir sempre para ver a lição de casa e valorizar o que já aprendeu.
• Auxiliar na organização das lições e do material, sempre que preciso.
• Orientar para que peça explicações na classe sobre tudo o que quiser saber ou não tiver entendido.
• Ressaltar a importância de capricho, qualidade e letra legível, incentivando-o a fazer tudo da melhor maneira que puder.
• Solicitar que revise os trabalhos feitos (é claro que, de imediato, nem todas as inadequações e erros serão percebidos, mas o fundamental é desenvolver o procedimento de revisão das atividades).
• Ajudar na organização de um horário rotineiro para a realização das tarefas.
• Incentivar a leitura em casa e, quando possível, fazer isso junto (ouvindo a leitura ou
lendo).
fonte: PCN em ação - Alfabetização
4 comentários:
Parabéns pelo seu blog, muita qualidade nas atividades! Voltarei sempre e indicarei em meu blog também.
Um Abraço Cristine Flores
http://maispedagogia.blogspot.com/
Estou muito feliz pelo 1º aniversário do Ensinando e Aprendendo completado em 25/05.
Devo essa conquista a você que me visita diariamente. Você faz parte dessa história. Todas as coisas contribuíram para o crescimento: os elogios, as críticas, os conselhos, os puxões de orelha, os comentários...
Mas acima de tudo a Deus toda honra e glória.
“Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas. Glória, pois a ele eternamente". Romanos 11.36
No sábado, 30/05, a partir das 9h, será servido um delicioso café da manhã a todos os amigos e, neste dia, juntos agradeceremos a Deus todas as bênçãos recebidas no decorrer deste 1 ano.
Muitos beijos docinhos e até sábado
Fiquei maravilhada de ver tantas questões importantes que colocam a leitura e a escrita enquanto conteúdos de ensino para a formação de crianças leitoras e produtoras de textos.
Textos de pessoas renomadas, como Rosaura Soligo, por exemplo, entre outros.
Trabalho com formação de coordenadores pedagógicos de escolas municipais da Chapada Diamantina, Bahia. É muito bom compartilhar com tantas outras pessoas a concepção de ensino/aprendizagem à qual entendemos ser a melhor para as nossas crianças, jovens e adultos, e para nós mesmos, afinal aprendemos o tempo todo.
Parabéns pela iniciativa!
Abraços,
Sandra Lima (Itaberaba-Bahia)
Oi amiga gosto muito dos conteúdos que vc publica, e a visito sempre que posso.Um grande abraço e um bom fim de semana.Passa no meu cantinho e pega meu award.Bjos no seu coração.
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