quinta-feira, 15 de julho de 2010

ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS PARA O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA



Leitura, Escrita e Comunicação Oral



1. Práticas de Linguagem Oral

Para que as expectativas de aprendizagem dos alunos em relação às práticas de linguagem oral possam ser concretizadas, é necessário que se planeje e organize situações didáticas, tais como:
1.1. Rodas de conversa em que os alunos possam escutar e narrar fatos conhecidos ou relatar experiências e acontecimentos do cotidiano. Nessas situações é necessário garantir que os alunos possam expressar sensações, sentimentos e necessidades.
1.2. Saraus literários para que os alunos possam narrar ou recontar histórias, declamar poesias, parlendas e trava-línguas.
1.3. Apresentações em que os alunos possam expor oralmente um tema, usando suporte escrito, tais como: roteiro para apoiar sua fala, cartazes, transparências ou slides.
1.4. Participação em debates, palestras e seminários.
1.5. Conversas em torno de textos que ajudem os alunos a compreender e distinguir características da linguagem oral e da linguagem escrita.



2. Práticas de Leitura


Para que as expectativas de aprendizagem dos alunos em relação às práticas de leitura possam ser concretizadas é necessário que se planeje e organize situações didáticas tais como:
2.1. Leitura diária, para os alunos, de contos, lendas, mitos e livros de história em capítulos de forma a repertoriá-los ao mesmo tempo em que se familiarizam com a linguagem que se usa para escrever, condição para que possam produzir seus próprios textos.
2.2. Rodas de leitores em que os alunos possam compartilhar opiniões sobre os livros e textos lidos (favoráveis ou desfavoráveis) e indicá-los (ou não) aos colegas.
2.3. Leitura, pelos alunos, de diferentes gêneros textuais (em todas as séries do Ciclo) para dotá-los de um conhecimento procedimental sobre a forma e o modo de funcionamento de parte da variedade de gêneros que existem fora da escola. Isto é, conhecerem sua forma e saberem quando e como usá-los.
2.4. Montar um acervo de classe com livros de boa qualidade literária para uso dos alunos: tanto em sala de aula como para empréstimo. É a partir deste acervo que podem realizar as rodas de leitores (ver 2.2).
2.5. Momentos em que os alunos tenham que ler histórias – para os colegas ou para outras classes – para que melhorem seu desempenho neste tipo de leitura, possam compreender a importância e a necessidade de se preparar previamente
para ler em voz alta.
Atividades em que os alunos consultem fontes em diferentes suportes (jornal, revista, enciclopédia, etc.) para aprender a buscar informações.
2.7. Montar um acervo de classe com jornais, revistas, enciclopédias, textos informativos copiados da internet, que sirvam como fontes de informação, como materiais de estudo e ampliação do conhecimento, ensinando os alunos a utilizar e manuseá-los. Este acervo deve ser renovado em função dos projetos desenvolvidos na classe.
2.8. Atividades de leitura com diferentes propósitos (para se divertir, se informar sobre um assunto, localizar uma informação específica, para realizar algo), propiciando que os alunos aprendam os procedimentos adequados aos propósitos e gêneros.
2.9. Atividades em que os alunos, após a leitura de um texto, comuniquem aos colegas o que compreenderam, compartilhem pontos de vista sobre o texto que leram, sobre o assunto e façam relação com outros textos lidos.
2.10. Leitura de textos, com o propósito de ler para estudar, em que os alunos aprendam procedimentos como reler para estabelecer relações entre o que está lendo e o que já foi lido, para resolver uma suposta contradição ou mesmo para estabelecer a relação entre diferentes informações veiculadas pelo texto, utilizando para isto: anotações, grifos, pequenos resumos, etc.



3. Análise e reflexão sobre a língua


Para que as expectativas de aprendizagem dos alunos em relação à análise e reflexão sobre a língua possam ser concretizadas é necessário que se planeje e organize situações didáticas tais como:
3.1. Atividades de leitura para alunos que não sabem ler convencionalmente, oferecendo textos conhecidos de memória – parlendas, adivinhas, quadrinhas, trava-línguas e canções –, em que a tarefa é descobrir o que está escrito em cada parte, tendo a informação do que trata o texto (por exemplo: “Esta é a música Pirulito que bate-bate...”). Para isso é necessário ajustar o falado ao que está escrito, verificando esse ajuste a partir de indícios (valor sonoro, tamanho das palavras, localização da palavra no texto...).
3.2. Atividades de escrita em que os alunos com hipóteses não alfabéticas sejam colocados para escrever textos que sabem de memória (o texto falado, não sua forma escrita) como: parlendas, adivinhas, quadrinhas, trava–línguas e canções. O objetivo é que os alunos reflitam sobre o sistema de escrita, como escrever (quantas e quais letras usar) sem precisar se ocupar do conteúdo a ser escrito.
3.3. Apresentação do alfabeto completo desde o início do ano em atividades em que os alunos tenham que:
3.3.1. Recitar o nome de todas as letras, apontando-as na seqüência do alfabeto e nomeá-las, quando necessário, em situações de uso.
3.3.2. Associar as letras ao próprio nome e aos dos colegas.
3.4. Atividades em que os alunos tenham necessidade de utilizar a ordem alfabética em algumas de suas aplicações sociais, como no uso de agenda telefônica, dicionário, enciclopédias, glossários e guias, e na organização da lista dos nomes dos alunos da sala.
3.5. Atividades de escrita em duplas em que os alunos com hipóteses ainda não alfabéticas façam uso de letras móveis. A mobilidade desse material potencializa a reflexão sobre a escolha de cada letra. É interessante que o professor fomente a reflexão, solicitando aos alunos que justifiquem suas escolhas para os parceiros.
3.6. Atividades de reflexão ortográfica para os alunos que escrevem alfabeticamente. Para isso, eleger as correspondências irregulares e regulares que serão objeto de reflexão, utilizando-se de diferentes estratégias tais como: ditado interativo, releitura com focalização, revisão (dupla, em grupo ou coletiva).
3.6.1. Para as irregulares, promover a discussão entre os alunos sobre a forma correta de grafar tal palavra, tendo de justificar suas idéias. Em caso de impasse, consultar o professor ou o dicionário (de forma que os alunos, progressivamente, adquiram a rapidez necessária para consultá-lo e encontrar as palavras); estabelecer com os alunos um combinado sobre as palavras que não vale mais errar (por exemplo, as mais usuais), listá-las e afixá-las de forma que possam consultá-las, caso tenham dúvida).
3.6.2. Para as regulares: promover a discussão entre alunos sobre a forma de grafar determinada palavra, provocar dúvidas, tendo em vista a descoberta do princípio gerativo; sistematizar e registrar as descobertas dos alunos em relação às regras e usar o dicionário.
3.7. Atividades de reflexão sobre o sistema de pontuação a partir das atividades de leitura e análise de como os bons autores utilizam a pontuação para organizar seus textos:
3.7.1. reescrita – coletiva ou em dupla – com foco na pontuação (discutir as diferentes possibilidades);
3.7.2. revisão de texto – coletiva ou em dupla – com foco na pontuação (discutir as decisões que cada um tomou ao pontuar e por quê);
3.7.3. observação do uso da pontuação nos diferentes gêneros (ex: comparar contos e reportagens) , buscando identificar suas razões;
3.7.4. pontuação de textos: oferecer texto escrito todo em letra de imprensa minúscula, sem os brancos que indicam parágrafo ou travessão, apenas os espaços em branco entre palavras, para discutirem e decidirem a pontuação.



4. Práticas de produção de texto



Para que as expectativas de aprendizagem dos alunos em relação às práticas de produção de texto possam ser concretizadas é necessário que se planeje e organize situações didáticas tais como:
4.1. Atividades em que os diferentes gêneros sejam apresentados aos alunos através da leitura pelo professor, tornando-os familiares, de modo a reconhecer as suas diferentes funções e organizações discursivas;
4.2. Atividades em que o professor assuma a posição de escriba para que os alunos produzam um texto oralmente com destino escrito, levando-os a verificar a adequação do escrito do ponto de vista discursivo, relendo em voz alta, levantando os problemas textuais;
4.3. Atividades de escrita ou reescrita em duplas, em que o professor orienta os papéis de cada um: quem dita, quem escreve e quem revisa, alternadamente;
4.4. Atividades de produção de textos definindo o leitor, o propósito e o gênero de acordo com a situação comunicativa;
4.5. Atividades de revisão de textos, em que os alunos são chamados a analisar a produção, do ponto de vista da ortografia das palavras;
4.6. Atividades em que os alunos são convidados a analisar textos bem escritos de autores consagrados, com a orientação do professor, destacando aspectos interessantes no que se refere à escolha de palavras, recursos de substituição, de concordância e pontuação, marcas que identificam estilos, reconhecendo as qualidades estéticas do texto;
4.7. Atividades em que os alunos revisem textos (próprios ou de outros) – coletivamente ou em pequenos grupos –, buscando identificar problemas discursivos (coerência, coesão, pontuação, repetições) a serem resolvidos, assumindo o ponto de vista do leitor;
4.8. Atividades para ensinar procedimentos de produção de textos (planejar, redigir rascunhos, reler, revisar e cuidar da apresentação);
4.9. Projetos didáticos ou seqüências didáticas em que os alunos produzam textos com propósitos sociais e tenham que revisar distintas versões até considerar o texto bem escrito, cuidando da apresentação final.


* fonte: Orientações Curriculares do Estado de São Paulo - Ciclo I

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