sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

TEXTO PARA ESTUDO - LITERATURA PARA BEBÊS

Literatura para Bebês
Ana Araújo e Silva


Acreditamos que o bebê desenvolve um processo de leitura quando se interessa pelos brinquedos, pelo livro, pela música, pela dança e por tudo aquilo que se oferece para o seu desenvolvimento. Além disso, gosta de ouvir histórias de animais, crianças, natureza; diverte-se,bate palmas, sente medo, imita as personagens; fantasia entrando e saindo da história. Com esse trabalho, o bebê vai aumentando o seu conhecimento de mundo, aprendendo a gostar de literatura e a ler para além de seu espaço de referência ou espaço imediato para aderir ao mundo mágico dos textos.
As atividades com práticas de leitura devem estar presentes diariamente na vida do bebê para que ele desenvolva o gosto pela leitura e, mais tarde, faça uso de textos verbais com autonomia. A preocupação com o desenvolvimento da leitura de códigos sonoros, visuais, táteis, gustativos, olfativos e do código verbal, oral e escrito deve ser de todos aqueles que lidam direta ou indiretamente com os bebês. Pais, educadores e instituições devem estar atentos a esse direito dos bebês e das crianças.
Colocando-se a camisa do “timão” no berço do bebê quando ele nasce, mas não colocando também um livro, a intenção de aprendizagem/desenvolvimento ficará incompleta, falha. Com certeza, o bebê gostará do time, da camisa, porém não terá nenhum conhecimento nem interesse por livros e leitura. Bons livros poderão ser presentes e grandes fontes de prazer e conhecimento.
Descobrir esses sentimentos desde bebezinho poderá ser uma excelente conquista para toda a vida.
A instituição de educação infantil que não incluir livros nas caixas de brinquedos e nas estantes de sala de aula, bem como a audição de histórias, parlendas, poesias e leituras de imagens nas brincadeiras aplicadas ao bebê não proporcionará a ele o conhecimento dos livros e o prazer da leitura. Toda a pessoa, não importa em que fase da vida encontrem-se, necessitam da leitura para a aquisição de conhecimentos, recreação, informação, comunicação ou qualquer outra interação que requeira a leitura. O livro e a prática de leitura fazem parte da vida do bebê. Ele constrói conhecimentos quando interage com esse objeto de saber e com a mediação de quem domina a leitura.


Estruturação metodológica

O professor e/ou educador ou o supervisor necessitam de uma organização metodológica como roteiro para a aplicação do trabalho de literatura e de leitura junto aos bebês. Para facilitar a implantação, organizamos o desenvolvimento do trabalho nas seguintes etapas:

Concepção: É essencial para a formação do bebê ouvir diversas histórias, leituras, poesias, músicas, parlendas e manusear livros. Este é o princípio para ser um leitor – e ser um leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descobertas e compreensão do mundo.
Objetivos específicos e conteúdos para desenvolver as capacidades de: ouvir leituras de histórias, contos, parlendas, poesias, versos, músicas; ler imagens (figuras); manusear livros e
outros materiais literários.
Encaminhamento metodológico: Leia para o bebê ouvir; ele vai gostar. Acredite, não é cedo para começar. No início do trabalho, irá fixar o olhar na imagem do livro, mas logo tentará agarra-lo e pôr na boca. Ao pôr o objeto na boca, o bebê realiza uma leitura gustativa e tátil; ao cheira-lo, está realizando uma leitura olfativa; ao ouvir a sua voz, está realizando a leitura auditiva. Aprenderá a gostar de ficar no colo, bem juntinho a você, olhando as cores, s figuras, as cenas, ou seja, lendo as imagens do livro. Se o bebê maior já estiver acostumado com os livros, poderá entreter-se sozinho, por algum tempo, olhando as figuras, virando ou tentando virar as páginas, tal como fazem os educadores, os supervisores, os pais, as mães e os irmãos.
Quando o bebê olha ou aponta as figuras, ele está lendo essas imagens. Esta é a leitura visual ou de imagem. O bebê que já anda poderá pegar um livro na estante e escolher um cantinho na sala, sentar-se no chão, esticar as pernas, abrir o livro sobre elas e encantar-se com as maravilhas saltitantes do texto visual e tátil.
Quando o bebê manuseia o livro, está percebendo se é liso, fofo ou áspero. Esta é uma leitura tátil. Você encontrará, naturalmente, algumas páginas rasgadas; não fique brava. Comece com livros de pano, com álbuns, revistas e livros com capas e folhas duras, resistentes, plastificadas. O seu próprio exemplo de manuseio cuidadoso é a melhor maneira de ensinar o bebê a lidar com os livros. Não encha a biblioteca, a estante da sala de aula ou a caixa com livros que o bebê não possa pegar. Deixe somente os livros que ele possa pegar, olhar, pôr na boca, brincar e ouvir as histórias lidas, contadas ou criadas por você.
As bibliotecas podem ter uma porção de livros lindos para as crianças e os bebês. É divertido entrar em uma biblioteca. Leve-os lá. Os pais, principalmente têm que levar os bebês em bibliotecas, assim como os levam aos campos de futebol. Eles irão adorar. Invente histórias; não é preciso ter sempre um livro. Os bebês maiores adoram ouvir contar histórias sobre papai, mamãe, avós, irmãos ou lendas e histórias de fadas, animais, crianças, objetos do seu cotidiano. Dê atenção às histórias que o bebê maior tenta contar, mostre entusiasmo e curiosidade ao ouvi-lo, faça perguntas que estimulem a linguagem e a criatividade. Gostar de histórias, poesias, músicas, parlendas e de ler é um hábito que deve ser estimulado desde cedo (3 meses de idade). As ilustrações dos livros – de preferência grandes, bem legíveis, coloridas e de fácil identificação – prendem a atenção e fixam o bebê no enredo.
Prepare bem a sua aula. Leia antes, várias vezes, a história, o conto, a poesia, cante a música, etc. Providencie com antecedência todos os materiais necessários. Prepare-se emocionalmente, sinta o prazer e satisfação com essa atividade. Trabalhe a literatura e a leitura para os bebês, como a contação de histórias, leituras, poesias, parlendas, músicas e outros conteúdos, no mínimo duas vezes na semana, ou sempre que eles demonstrarem interesse, no período da manha e/ou da tarde. Coloque os bebês que já sentam em semicírculo, sente-se em frente a eles e bem próximo, para favorecer a visibilidade e o interesse pelo que está sendo realizado. Alguns bebês ficarão atentos e irão divertir-se com a sua história batendo palmas, rindo, beijando o livro, apontando para as personagens, tentando pega-las, emitindo sons, imitando-as.
Outros se dispersarão e ainda haverá aqueles cujo interesse é somente o de tocar no livro. Não fique assustada com essas atitudes dos bebês, pois elas fazem parte do seu modo de ver, agir e
relacionar-se no meio em que vivem, já que ainda não compreendem regras e normas sociais. O
importante é despertar o gosto pela literatura, pela leitura e pelo livro; pelo belo, pelo imaginário,
pela fantasia, e garantir desde cedo o acesso ao livro. Após contar ou ler a história, distribua os
livros para os bebês manusearem. Esse momento é muito alegre, festivo e necessário para que eles aprendam a gostar de livros e de ler as imagens.
Quando estiver utilizando um livro ou álbum para contar a história, coloque-o aberto de frente para os bebês e folheie-o vagarosamente, pegando as páginas na parte de baixo ou de cima para não cruzar o braço na frente e impedir a observação das figuras. Sempre que necessário, aponte a personagem ou o objeto a que está referindo-se.
As histórias também poderão ser contadas com fantoches e dramatizadas, com outros recursos para diversificar o trabalho. Deixe os bebês pegarem os livros, pois é assim que eles aprendem; pegando. Coloque o bebê que ainda não senta sem apoio no seu colo, de modo confortável para ambos. Leia, cante, recite versos para ele. Não sinta vergonha e nem constrangimento ao fazer isso. Esta é uma contribuição valiosa para o prazer, o relacionamento e o desenvolvimento do bebê.
Os livros de pano deverão ser lavados e costurados sempre que necessário. Os plastificados, higienizados com álcool glicerinado. Todos os materiais literários deverão ser lavados e/ou restaurados sempre que apresentarem condições desfavoráveis de uso para o bebê. Permita que ele pegue os livros que estão na estante quando sentir vontade – isto faz parte do seu aprendizado e desenvolvimento. Se o momento for de tomas banho, de refeição, espere um pouco e explique o motivo pelo qual ele terá que guardar o livro, mas que depois poderá lê-lo novamente. Se o momento for de ir para casa, empreste o livro para ele, peça ao responsável para devolve-lo no outro dia. Incentive o responsável a ler para o bebê ouvir, pois é prazeroso e gratificante para ambos.
Na parede, pendure cartazes com poesias, músicas e personagens de histórias. Crie símbolos para representar cada texto trabalhado (poesia, música, etc). Coloque os cartazes na parede, fixados com papel auto-adesivo, na altura em que os bebês possam apreciar. Procure divertir-se com a literatura e a leitura, pois são atividades que dão prazer e alegria a todos: bebês, crianças, jovens, adultos, não importa a idade. Além disso, servem para o seu crescimento pessoal e profissional.
Recursos: livros e álbuns confeccionados por educadores e pais; livros adquiridos nas livrarias e plastificados; estante pequena para a sala de aula, fixada na parede na altura do bebê.
Avaliação: O educador deverá avaliar constantemente o seu trabalho para poder redimensioná-lo. Após cada atividade, analisar e registrar as necessidades de mudanças e permanências do que é realizado com a literatura junto aos bebês. A avaliação do bebê é feita com base no acompanhamento do seu desenvolvimento. Sempre que possível, após a realização de cada atividade, registrar os avanços do bebê na ficha de acompanhamento do desenvolvimento infantil.
Em reuniões de pais, exibir filmes sobre o trabalho, fazer exposições de fotos, livros, álbuns. Contar a eles como os seus filhos divertem-se com essa atividade. Permitir aos pais que narrem as histórias de seus filhos. São muito interessantes.

*FONTE: Projeto Entorno, Fundação Victor Civita e PMSP - 2010

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